sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Cidade abandonada e cidadãos à própria sorte.....

Não vou aqui entrar no mérito do fato de o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, estar na segunda-feira dia 15/02/2016 em uma reunião no Conselho do Instituto Lula, tentando, juntamente com outros, descobrir uma fórmula mágica para tirar o ex-presidente Lula das enrascadas que se meteu com a Justiça. Mas, o fato é que enquanto ele tentava salvar seu Criador, a cidade estava embaixo d´água.
Enchentes atingiram toda a cidade. Casas foram invadidas pela água imunda, carros foram arrastados e pessoas ficaram ilhadas.

A verdade é que a cidade está abandonada à própria sorte. Lixo se acumula por toda a parte. Moradores quase imploram para que a Limpeza Pública recolha lixos e inservíveis - muitos deles móveis e pertences adquiridos com muito sacrifício e que são perdidos sistematicamente com as enchentes que ocorrem ano após ano. E o que faz a Limpeza Pública? Finge-se de surda. Ou morta. Nada acontece.

Lixo se acumula pela cidade e até em cemitérios - como mostra a reportagem do Portal UOL ( http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/02/1740975-cemiterios-de-sao-paulo-viram-focos-de-reproducao-de-mosquito.shtml ) se transformando em focos de reprodução para o Aedes aegypti enquanto os governos - em todas as suas instâncias - jogam nas costas da população a culpa pela proliferação do mosquito.

SAO PAULO, SP, 18-02-2016: Cemiterio da Quarta Parada esta cheio de lixo, que acaba acumulando agua e servindo de criadouro do mosquito da dengue. (Foto: Julia Chequer/Folhapress cod-11001) *** EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Foto: Portal UOL
É tanta hipocrisia que chega a dar nojo.

Aqui no Butantã, a Prefeitura de São Paulo implantou em algumas ruas a Coleta Mecanizada. Conteiners foram colocados para que o morador vá lá e coloque seu lixo, a exemplo do que ocorre em algumas cidades da Europa. E a parte da prefeitura é ir lá e recolher. Só que a realidade é bem outra. A prefeitura não faz a coleta como deveria e os conteiners ficam lotados. Aí o que faz o povo? Vai empilhando sacos e mais sacos de lixo em volta do conteiner. Caixas de papelão também. Ah! E aí os comerciantes aproveitam para despejar ali no chão mesmo resíduos da sua atividade.
Uma beleza! Estas áreas acabam se tornando focos para baratas, ratos e para os mosquitos também, em razão da água da chuva que fica acumulada.

Isso sem contar que durante as enchentes, os conteiners de lixo passeiam como barcos e depois ficam tombados por vários dias pelas ruas.

Um quadro que é real para os moradores e imaginário para o prefeito.

O ser humano tem mania de acreditar que as piores coisas sempre acontecem com os outros. Ou que as piores atitudes são sempre as dos outros... como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros".
Tudo ilusão, gente. Os outros somos nós!

Este é o objetivo deste blog. Fazer uma reflexão a partir de fatos reais. Afinal de contas, ninguém está livre. E se fosse com você?

E viva a estação mais alegre do ano: o Verão. Será?

Feliz verão....


Aqui vai minha homenagem ao Verão da cidade de São Paulo e a seus governantes.

Prefeito Haddad, vereadores e subprefeitos: nós paulistanos agradecemos por um verão tão cheio de aventuras!













O ser humano tem mania de acreditar que as piores coisas sempre acontecem com os outros. Ou que as piores atitudes são sempre as dos outros... como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros".

Tudo ilusão, gente. Os outros somos nós!
Este é o objetivo deste blog. Fazer uma reflexão a partir de fatos reais. Afinal de contas, ninguém está livre. E se fosse com você?

O Pirajuçara

Enchentes na cidade de São Paulo - Parte II: O Pirajuçara ou Pirajussara



Córrego Pirajussara percorre cerca de dezessete quilômetros, de onde nasce, no município de Embu das Artes, passando pelo Taboão da Serra, até desaguar no Rio Pinheiros, em São Paulo, junto à Cidade Universitária.
Aqui em São Paulo, o Pirajussara é canalizado por baixo da Avenida Eliseu de Almeida, voltando a ficar aberto próximo à Cidade Universitária

Ficheiro:Córrego Pirajuçara 1.JPG
Trecho do córrego na Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira

O histórico das enchentes na região do Pirajussara é antigo, bem como os movimentos e organizações de moradores/vítimas em busca de soluções para o problema junto ao Poder Público. Vou publicar aqui o relato de um desses Grupos - o CEPP (Combate Enchentes Pirajussara e Poá), para que possamos ter uma dimensão deste problema em termos de tempo e de lutas.
Como o relato é extenso, optei por transcrever uma parte, mas coloco o link no final, para quem desejar fazer a leitura completa.

"Nos idos de 1970 o sonho da casa própria estava se tornando realidade. Moradia financiada pelo IPESP (Instituto de Previdência do Estado de São Paulo), comprada com financiamento de 20 anos, que foi prorrogada para 25 anos. Como o dinheiro era pouco pudemos comprar onde estamos até hoje, Jardim Jussara.
Bairro novo, sem ruas asfaltadas, sem iluminação pública, água potável fornecida exclusivamente para os imóveis construídos pela Empresa Construtora, muitos lotes vazios e quintais praticamente sem cimentado.
O córrego Pirajussara tinha no máximo 2 metros de largura quando atravessava o bairro, os alunos do Colégio Jacira Moya pulavam de um lado a outro para não irem até a pontinha distante 200 metros para transpô-lo. Com o passar dos anos, a prefeitura a cada limpeza alargava seu leito até que por volta de 1978 moradores construíram uma pinguela na altura da Rua Ernesto Sena para travessia e acessar o pequeno comércio da margem esquerda. Evidentemente os garotos ficaram felizes em não precisar mais pular ou dar volta.


Assim como em São Paulo também Taboão da Serra e Embu das Artes (onde estão as nascentes do “Pira”), a ocupação das margens, suprimento de áreas verdes, impermeabilização foi vertiginosa.
Com o homem atacando a natureza, tirando áreas de várzea dos rios e córregos, transformando esses condutores de água em depósito de lixo e detritos ela começou a se rebelar e mostrar sua força. Mesmo em 1978 com o córrego mais largo tivemos os primeiros trasbordamentos provocando alguma enchente nas partes mais baixas do bairro, e assim ano a ano ela ia crescendo atingindo cada vez mais ruas até que começaram as primeiras inundações. No verão de 1981 já avistávamos muitos imóveis com comportas improvisadas, escadas para subir nos telhados e o fantasma começou a rondar todo o bairro.


No final de 1981 tivemos a grata noticia que a prefeitura faria uma galeria e que não teríamos mais enchentes. A galeria de 11,5 m de largura por 3 metros de altura começou em 1982 de jusante para montante e técnico nos dizia que escoaria por ali 96 metros cúbicos por segundo. Antes de tamponar a galeria avistávamos o “Pira” que era um filete de água e muitos comentavam que era um verdadeiro desperdício aquela obra tendo o volume de água em relação ao tamanho da galeria Durante as obras que terminaram em 1986 tivemos algumas ocorrências de chuvas mas sem causar problemas na região. Ao mesmo tempo assistíamos ruas sendo asfaltadas, e terrenos baldios com novas construções. Partes dos morros do Taboão da Serra onde víamos eucaliptos e outras árvores agora estavam telhados novos surgindo a cada dia; também o asfalto tomava conta de tudo. Nosso sossego durou até 1990 quando o córrego voltou a mostrar sua força e tentar ocupar o lugar que havíamos tirado dele. Não tínhamos a menor idéia do volume de água a duração da chuva de onde ela viria e o que poderia ocorrer em nosso bairro. Os níveis de enchente e inundação foram aumentando assustadoramente. O poder publico não nos dava informações dessas ocorrências e não tínhamos perspectivas com obras para conter os índices cada vez mais alto das águas. Conclusão: estávamos relegados à própria sorte


Nesse mesmo ano alguns moradores como o Eduardo Leite, Gaston, o Zé leiteiro, o Custódio (já falecido), João (calcinha) e muitas mulheres sempre as lutadoras que quase sempre ficam incógnitas, saiam de casa em casa convocando todos moradores para protestar quanto à situação que estava ocorrendo.
A fim de chamar a atenção das autoridades chamávamos moradores para juntar materiais inflamáveis, móveis, tapetes, madeiras, pneus velhos (que pegávamos nas borracharias); Transportávamos em carros, e a maior parte no caminhão do Zé leiteiro tudo em direção ao Largo do Taboão da Serra, isso tudo sempre aos sábados por volta das 8:00 horas. Fazíamos uma barricada e ateávamos fogo, parando o transito até o fim da tarde. Como não existia o Rodoanel Mario Covas a entrada e saída para o sul do País era feito por esse setor que evidentemente não ocorria. Durante cinco interdições tivemos noticias que o congestionamento chegara a mais de 30 km na estrada e na cidade era incalculável o transtorno que provocávamos. Soubemos até que havia falecido um paciente no interior de uma ambulância que ficou presa nessa bagunça.


Durante a manifestação tínhamos constantemente a presença da policia militar rodoviária, policia civil, guardas de transito dos dois municípios, corpo de bombeiros, pessoal das prefeituras, helicópteros de emissoras de televisão e uma infinidade de repórteres dando cobertura ao evento. (se é que podemos chamar de evento).
Nessas ocasiões éramos entrevistados e falávamos o porquê daquela manifestação mostrando sempre fotos e documentos do que estava ocorrendo em nossa região, que se tornava meio sem necessidade pois todos sabiam. Todas às vezes que realizamos foram nos sábados. No domingo seguinte geralmente saiam manchetes nos jornais. Emissoras de rádios e televisões ajudavam a gritar contra o estado de coisas que estávamos vivendo.


SEGUNDA FEIRA- Cada um ia para sua luta diária e não se falava mais no assunto , ninguém tinha disponibilidade de sair cobrando alguma providências enquanto a coisa estava quente. (ou melhor, molhada). Depois dessas manifestações como não obtivemos resposta do poder público o pessoal foi dispersando e afrouxando a pressão. Alguns se mudaram abandonando seus imóveis, vendendo ou alugando. E a água a cada ano subia mais e mais, e nós continuando sem saber se era maior volume de chuva ou falta de obras.


Em 1995 aposentei-me e parece que foi providencial, conheci o Mustafá, um cidadão brasileiro de origem árabe que morava na Rua Cedrolandia (onde atualmente é o Piscinão Elizeu de Almeida) de frente para o córrego Poá (vou falar dele mais a frente). Quase sempre nervoso, se dizia contra o sistema, que homem público foi colocado por nós e tem o dever de trabalhar para o povo, não media palavras para atacar alguém; eu o alertava que qualquer dia ia preso, mas bem ou mal ele tinha idéias e começamos a aproveitá-las.
A primeira providência era arregimentar pessoas para o grupo, e como o “Pira” inunda uma grande região fomos aos muito sofridos da região do Campo Limpo onde localizamos o Wilson, Presidente da Sociedade Amigos do Jardim Dorly, o Waldir, Nilda, Anita, Marcio, Sonia e tantos outros. Unimos-nos e traçamos nossas diretrizes.


Ao mesmo tempo comecei a adaptar minha casa para enfrentar às enchentes: Contratei um pedreiro que reforçou o muro da frente e laterais com colunas de concreto a cada 1 metro. Coloquei tábuas nos portões para dificultar a entrada da água, de nada adiantou, então procurei diversas serralherias para fazer de ferro; quando achava um que fizesse, o preço era tão alto que desanimava, até que bati na porta do Genaro. A serralheria dele era modesta porém achei um ótimo profissional. Expliquei o que queria com um desenho bem simples. Depois de analisar, passou o orçamento e disse que precisava de 50% para comprar material. Também era caro para meu bolso. Vendo meu desespero ele disse que tinha algum material, poderia usá-lo e eu iria pagando um pouco se cada vez. Acertamos dessa forma, e dentro de 15 dias veio entregar os portões. Até ai eu tinha impedido que a água entrasse pelo muro e portão, só que na primeira enchente ela entrou pelo cano de esgoto inundando a casa através do vaso sanitário e dos ralos. A principio colocava no vaso panos prensado e sacos plásticos. Como a pressão era forte empurrava tudo para cima. Perguntei para diversas pessoas até descobrir que existia uma válvula de retenção para essa finalidade. Comprei uma para o cano de esgoto e outra para o cano de águas pluviais, eu mesmo as instalei.


Na primeira chuvarada que durou 5 horas lá estava minha casa inundada de novo devido à água que caia no quintal e não podia sair. A única “vantagem” é que era água limpa. Furei um poço no jardim que armazena aproximadamente 1000 litros e instalei uma bomba com bóia automática para ligar e recalcar a água por cima do muro. Daí para frente minha casa serviu de exemplo e hoje temos muitas adaptadas dessa forma. O Genaro ficou especialista em comportas.
Cada qual improvisava da forma que podia: O Fulvio instalou carretilhas no forro da casa, passou cordas e amarrou camas onde colocava roupas, calçados e tudo que coubesse e com ajuda da Bety (mãe) içava até chegar perto do teto; a geladeira era colocada sobre blocos, o fogão sobre a mesa e assim por diante.


A CRIAÇÃO DO GRUPO - Chegamos à conclusão que o movimento de tumultuar ruas e praças não estava surtindo os resultados que esperávamos, e decidimos mudar o modo de trabalho, ou seja passamos a correr atrás dos vereadores, deputados estaduais, federais, os prefeitos da época por São Paulo o Sr. Maluf, do Taboão o Sr. Fernando Fernandes e do Embu o Sr. Oscar Yasbek. Íamos em reuniões políticas, não importava o partido e sim os homens que o compunham .
Como as antigas Administrações Regionais estavam mais perto de nós formávamos comissões e depois de muita canseira marcar reuniões com os Administradores e engenheiros; muitas vezes conseguimos leva-los até o local para verem os estragos. Nessas visitas sempre alegavam falta de máquinas, caminhões, ferramentas, homens, enfim pouca coisa era feita salvo quando contratavam empreiteira para executar o trabalho
Dividimos o grupo e começamos a frequentar as Câmaras Municipais dos três Municípios no intuito de abordar os Vereadores para cobrar projetos para a bacia. Não importava de que partido fosse, o que buscávamos eram homens públicos voltados para os problemas da população tendo em mente que eles foram colocados nesse setor por nós e temos todo o direito de cobrar.
Nosso grupo não tinha nome, era difícil fazer-nos conhecer. Em uma das nossas reuniões solicitamos que os presentes sugerissem algo. Recebemos diversas opiniões e todas foram discutidas, juntamos diversas idéias e criamos nosso emblema que aliás foi sugerido pelo Mustafá, que representa a casa inundada com o cidadão sentado sobre ela. O primeiro nome era: “Chega de Enchentes no Pirajussara”, que posteriormente mudamos para “Combate”.


Entramos em 1996 parecendo que não tínhamos realizado nada em nosso favor e o fantasma estava rondando novamente. Dia 3 de Março de 1996. Choveu, choveu e choveu, parecia que São Pedro estava jogando tudo sobre nós. Foi a pior de todas que enfrentamos. Na parte mais baixa do bairro a inundação atingiu o forro de muitas casas, as menos atingidas ficaram com 0,60 centímetros o bairro ficou nessa situação pelo nivelamento da água. (água é o que chamamos, mas quem conhece o Pirajussara ou a maior parte dos córregos de São Paulo sabe que é esgoto puro). O bairro foi devassado, perdemos móveis, utensílios domésticos, roupas, carros, álbuns de fotos, documentos, enfim tudo foi arrastado. Quem conseguiu sair antes de inundar tudo foi para a padaria que é o lugar mais alto, muitos foram resgatados pelos bombeiros dentro de suas casas onde ficaram sobre móveis ou telhados. Um casal sendo a mulher paraplégica que moravam há pouco tempo e não tinham sido avisados ficou preso dentro da casa. O marido colocou a esposa sobre o guarda-roupa e ele sentado sobre a porta. Faltaram 30 cm. para a água chegar ao forro, era o espaço e ar que tinham para respirar, lembramos deles e avisamos os bombeiros que foram de imediato retira-los. Ficamos desolados e mais alguns desistiram, foram para casa de parentes ou alugaram em outros bairros, mas queriam ficar longe.


Minha irmã morava na mesma rua que eu, e em sua casa tinha muros reforçados, comporta e válvulas de retenção, mas quando subiu muito o muro não aguentou e tombou. Na parte externa já estava com mais de 1.50 metros de altura e a água invadiu tudo de vez. Felizmente o Manoel (seu namorado) estava com ela e minha mãe que à época estava com 78 anos. Com presença de espírito ele levou minha mãe até o fundo do quintal e colocou-a sobre uma churrasqueira, em seguida trouxe minha irmã. A água não parava de subir, ele pegou um espeto para quebrar a telha de brasilit, por onde passou as duas, em seguida também subiu. Era por volta de 23.30 horas e ficaram lá até amanhecer o dia quando a água começou a baixar.
A partir desse dia para saber se o córrego ia transbordar íamos na embocadura que ficava dentro do nosso bairro e ficávamos vigiando e quando a coisa ia acontecer alguns saiam com seus carros pelo bairro buzinando para avisar os vizinhos dando tempo de fugir para locais mais altos. E parece incrível a maior parte delas foram à noite ou nas madrugadas.


De tantas vezes que ficamos plantados na boca da galeria percebemos que formava redemoinho e fazia barulho como se estivesse entupido. Para confirmar nossa suspeita consultamos um engenheiro que observou e concordou que poderia estar entupida, havia ainda suspeita que a correnteza tivesse arrastado um chassi de caminhão do Galo Ferros para seu interior. Fomos à Administração Regional e levamos ao conhecimento do Administrador que contestou dizendo que a galeria era auto-limpante e que não poderia ocorrer entupimento. Insistimos que de qualquer forma precisávamos saber com certeza e queríamos uma inspeção. Disse que não tinha como executar tal serviço visto que a galeria era totalmente tamponada, ninguém conseguiria ficar dentro dela devido aos gases e não tinha acesso. Percebemos que não chegaríamos a lugar nenhum, saímos e decidimos procurar outro lugar que resolvesse.
Fomos procurar a “SVP” Secretaria de Vias Publicas (Embora fosse vias publicas também cuidavam dos córregos). Demorou mas conseguimos falar com o Secretário Emilio, que já sabia do assunto (possivelmente o Administrador falou).
Dissemos que a galeria tinha 5,5 Km totalmente coberta desde a divisa de São Paulo com Taboão até desembocar no rio Pinheiros e a montante até a nascente 11,5 Km totalmente aberto com mais de 100 afluentes descarregando tudo no “Pira” e consequentemente passando pela galeria, e depois de 10 anos ele não conseguiria nos convencer que não existia nada em seu interior.
Tínhamos ido dispostos a não voltar com as mãos abanando e enfrentamos a autoridade dizendo que acompanhamos desde o inicio a construção, que as paredes eram do tipo diafragma a cobertura com vigas espaçadas e no meio delas placas de concreto com alças evidentemente para içar as tampas, que estariam mais ou menos 100 metros umas das outras, que jogaram terra sobre elas e plantaram grama e esconderam tudo.
Era impossível ele não saber pois sua secretaria que fazia o projeto, licitava, contratava a Empresa ganhadora da concorrência e acompanhava a obra toda e até vinha para a inauguração. Percebemos que deveríamos tomar outra atitude e foi o que fizemos.
Organizamos um grande grupo de homens, mulheres, crianças, todos com enxadas, pás, picaretas e outros, avisamos a imprensa que em um determinado sábado iríamos cavoucar sobre o tampão até encontrar pelo menos uma janela a fim de mostrar que realmente existiam. Assim foi feito. Começamos o trabalho por volta das 8:00 horas com poucas pessoas, foi aumentando no decorrer do dia chegando a mais de 100, quando encontramos a primeira janela na altura da Av. Pirajussara N° 5000 por volta das 14:00 horas. Foi a primeira e última vez que enfrentamos a máquina administrativa depois de colocar o nome no grupo.


Ficamos no aguardo para saber às providências que iriam ser tomadas, até que dias depois percebemos alguns homens percorrendo o tampão da galeria e informaram que estavam localizando as janelas para posteriormente serem abertas. Acompanhamos o trabalho deles e também a abertura de praticamente todas elas, chegando ao total de 45 janelas.
Chegou a hora de entrar e ver o que tem dentro dela. Outra dificuldade. A Administração não tinha botas, faróis, luvas, barco, máscaras, enfim não existia aparato para executar o serviço e nem pessoal especializado. Surgiu a ideia de pedir ajuda ao Corpo de Bombeiros para acompanhar e socorrer em qualquer emergência.
Depois de oficiar o Corpo de Bombeiros foi marcada data e ficou acertada a entrada de um componente do grupo para constatar como estava o interior da galeria. O Djalma foi agraciado com o convite. No dia e hora marcada todos estavam a postos. O bombeiro deu algumas instruções distribuiu cinturões com argolas onde passamos uma corda deixando uma distância de 2 metros entre um e outro, todos colocaram máscaras, botas e luvas. Um bombeiro ia na frente com uma vara comprida para localizar buracos e o outro seguia atrás fechando a corrente.
Entramos por volta das 9:00 horas. Nos primeiros 100 metros eu já estava com os pés encharcados, me emprestaram botas furadas. Percorremos aproximadamente 600 metros (janela próxima a Rua Caminho do Engenho) até 13:00 horas. HORRÍVEL! O fundo da galeria era chão natural, nas curvas bancos de areia que obstruíam a passagem de troncos de árvores e bananeiras fazendo uma barreira onde paravam pneus, restos de móveis, carcaças de geladeiras , fogões, pedaços de carros, centenas de garrafas PET, ossadas de animais, ratos, baratas, e mais uma infinidade de coisas."


Continue lendo em: http://ceppsp.blogspot.com.br/ 


O ser humano tem mania de acreditar que as piores coisas sempre acontecem com os outros. Ou que as piores atitudes são sempre as dos outros... como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros".


Tudo ilusão, gente. Os outros somos nós!
Este é o objetivo deste blog. Fazer uma reflexão a partir de fatos reais. Afinal de contas, ninguém está livre. E se fosse com você?

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Coleta Mecanizada de Lixo Urbano: os dois lados da questão...

Coleta Mecanizada de Lixo Urbano: os dois lados da questão...


A cidade de São Paulo gera diariamente cerca de 18 mil toneladas de lixo, sendo 10 mil toneladas só de resíduos domiciliares. Os trabalhos de coleta de resíduos domiciliares, seletivo e hospitalares são executados por duas concessionárias Ecourbis e Loga. 

Dentro de cinco anos, 12% da coleta de lixo de São Paulo será feita por meio de containers fixos nos quarteirões. Não haverá mais lixeiros recolhendo sacos em caminhões e o morador terá que caminhar até 60 metros para depositá-los em caçambas de plástico fechadas. Trata-se da Coleta Mecanizada de Lixo Urbano. Sistema utilizado em vários países da Europa e am algumas cidades do Brasil.
O objetivo, entre outros, é reduzir a quantidade de sacos de lixo espalhados pelas calçadas.

O primeiro teste foi feito em 2012, quando os containers foram instalados nos Jardins (zona oeste). Testes continuarão sendo feitos em outros bairros como Campo Belo, Vila Mariana, Butantã e Pinheiros com retirada do lixo semanal e coleta mecanizada com veículo guindaste.
A iniciativa é uma exigência da concessão assinada com as duas empresas responsáveis pela coleta em São Paulo até 2024.
A Ecourbis implanta o sistema no Campo Belo, Planalto Paulista e Vila Mariana. A concessionária Loga irá instalar 850 caçambas desse tipo no Butantã, Pinheiros e Penha.
Segundo o secretário municipal de serviços, Simão Pedro, a Loga terá que instalar cerca de 6.000 contêineres, com capacidade total para 19,5 mil m³. Cada reservatório têm capacidade de 3,2 m³. Já a Ecourbis terá que instalar contêineres com capacidade total de 15,4 mil m³.

Como tudo neste mundo tem seus dois lados, esta questão não foge à regra. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, o projeto foi implantado em 2011. Apesar dos meios de comunicação divulgarem os índices de aprovação por parte da população, os problemas são visíveis. Eis aqui uma amostra, divulgada no Blog http://portoimagem.wordpress.com

Containers: o povo aprovou. Porém…

22/08/2011
Será que o povo coloca o lixo direitinho no lugar? Isso sem falar que todos os containers são diariamente revirados por catadores. 


Contêiner de lixo na João Telles, próximo da Av. Osvaldo Aranha - Foto: Cesar Cardia

E aqui em Sampa? Qual foi a medida tomada pela prefeitura de São Paulo para evitar que os catadores de recicláveis acessem os containers? Como sempre, o poder público costuma empurrar os problemas sociais mais graves para baixo do tapete. 

Abaixo alguns exemplos do que ocorreu em Porto Alegre (RS) após a implantação da Coleta Mecanizada:

 

E nesta foto.... alguém consegue enxergar o catador dentro do container?

E você? Gostaria de ter uma caçamba destas na porta da sua casa?

O ser humano tem mania de acreditar que as piores coisas sempre acontecem com os outros. Ou que as piores atitudes são sempre as dos outros... como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros".

Tudo ilusão, gente. Os outros somos nós!
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quinta-feira, 14 de março de 2013

Ninguém está livre.....

O ser humano tem mania de acreditar que as piores coisas sempre acontecem com os outros. Ou que as piores atitudes são sempre as dos outros... como dizia o filósofo Jean-Paul Sartre, "o inferno são os outros".
Tudo ilusão, gente. Os outros somos nós!
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Enchentes na cidade de São Paulo - Parte I: O seu Bolso

No dia 14 de fevereiro de 2013, a cidade de São Paulo, especialmente a zona oeste, sofreu as consequências de uma receita previsível:

Fúria da Natureza + Cidade Abandonada = Caos e Destruição

O resultado disso foi um prato muito indigesto. Ah, não aconteceu nada com você, com seu carro ou com a sua casa? Engano seu. Ainda assim, aconteceu com o seu bolso.
Prepare-se para ver cenas de destruição do Patrimônio Público que você banca com o pagamento dos seus impostos. Nós vamos pagar essa conta!


No dia 14 de fevereiro, o campus da USP no Butantã ficou totalmente interditado em razão a uma enchente. A entrada principal ficou alagada por horas e carros boiavam nos estacionamentos. As salas das unidades transbordavam água e vários móveis e equipamentos foram danificados, como os pianos e cadeiras do auditório da Escola de Comunicação e Artes - ECA.
As enchentes são constantes na Cidade Universitária. No entanto, não há nenhum projeto de canalização que as evite. Tanto a sub-prefeitura do Butantã, a Sabesp quanto a reitoria se isentam de culpa. O que ocorre, em consequência, é o agravamento dessa situação a cada nova chuva. (Fonte: Jornal da USP Livre!)


ECA alagada:





Auditório da Faculdade de Música:




Arredores da Faculdade de Música



Uma das salas de música da ECA - pianos ameaçados



ECA



Corredores da ECA alagados





O que você pode fazer para ajudar a mudar isso?

Muita coisa pode ser feita, mas a principal delas é pressionar os responsáveis por administrar os impostos que pagamos. Que tal, todos os dias lembrar as autoridades públicas que eles são responsáveis pela limpeza de bueiros e galerias?
É facil, basta acessar o site http://sac.prefeitura.sp.gov.br/  e registrar uma solicitação para limpeza de bueiros e galerias da sua região. Faça isso todos os dias e lembre-se de cobrar os resultados. Não vamos deixar pra pensar nisso só no próximo verão.
Ah! E tem o telefone 156. Dá pra "soltar o verbo" por lá também.
Outra coisa: pense na forma como estamos lidando com a questão do lixo na cidade. O lixo será tema em um próximo post.